Rio de Janeiro, RJ, 2004. Na época, 14 anos. Estávamos eu e uma amiga no Habib's do Rio Sul. Já era cerca de 8 da noite e estávamos famintos. Havíamos passado longas horas assistindo à leitura de uma peça ali mesmo em Botafogo. Bruno Barreto estava lá e não dava pra ficar comendo do lado do cara. Tínhamos que fazer os finos. Terminada a leitura, corremos - literalmente - pro shopping.
Não lembro exatamente nossos pedidos. Sanduíches, refrigerantes, essas coisas. Nem gosto do Habib's. Não sei porque escolhemos essa lanchonete. Talvez porque ela fosse a mais próxima da entrada, ali mesmo no primeiro piso. Não tínhamos cabeça - nem estômago - para escadas rolantes. Felizes, comemos, enquanto conversávamos e ríamos muito (quem é meu amigo sabe bem como funciona).
E então, pedimos a conta. O garçom trouxe pra gente aquele negocinho preto. Abrimos e vimos quanto cada um deveria pagar. Abri minha carteira pra pegar o dinheiro. Não havia dinheiro. Revirei todos os esconderijos e nada. Deve tá no bolso da calça então. Ponho a mão e nada. Ponho a mão no outro bolso e nada. Começo a ficar nervoso. Onde tá meu dinheiro? Tenho certeza que trouxe três notas de $10. Começo a tirar tudo dos bolsos e colocar na mesa. Celular, chave, máquina fotográfica, pilhas. Nada mais. Dinheiro não há. Não acredito. Eu perdi? Olho pra minha amiga no mesmo momento que ela me olha.
- Pára de brincadeira, Léo.
- Tô falando sério. Devo ter perdido. Paga aí que depois eu te pago.
- Também tô sem dinheiro!
- Não acredito.
- Não tenho nem pra mim! Achei que tinha dinheiro na carteira, mas não tem.
- Não acredito!
Nos olhamos desesperados. Não sabíamos o que fazer. Ela virou a bolsa dela na mesa pra ver se achava alguma coisa. Caíram umas moedinhas. Não chegava a um real. E agora? O que a gente ia fazer? Lavar pratos? Não. Que situação! Fugir? Não. Ia dar confusão se fôssemos pegos. Os garçons já pareciam notar que estávamos enrolando o pagamento. Todo mundo parecia notar. Tenso. Não havia nada a fazer.
E ela ligou. Mães são pra isso, né? Salvar a gente quando estamos em apuros. Se a tia estivesse por perto, logo logo ela chegaria, pagaria nossa conta e iríamos embora felizes e rindo daquilo tudo. Mas é claro que a tia não estava por perto. Estava em casa, bem distante, porque ela era dessas.
- Mas a gente já pediu a conta!
1 comentários:
UHAUAUAHUHAUAHUAHUAHAUHAUHAUAHUAHAU SÓ PRA VER QUANTO JÁ ESTAVA????? EU GARGALHEI!
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