A missão era encontrar animais abandonados nas ruas e tirar fotos para um trabalho da faculdade. Eu e minhas amigas resolvemos ir para a Quinta da Boa Vista, porque sabíamos que lá encontraríamos muitos bichinhos. E não deu outra. Mal chegamos e avistamos um gato dormindo no pé de uma árvore. Saquei a digital da mochila para tirar fotos dele. Havia um canal entre nós, mas por sorte não havia mais água nele. Comentei com a Carol:
- Não tem nem mais água ali. Secou!
Ela me respondeu alguma coisa, que não dei ouvidos. Estava impressionado com o canal seco. Antigamente, tinha tanta água. Agora, ele tava ali, sem um pingo d'água. Deviam ter soterrado, né? E ainda pintaram de verde. É. Tudo que eu via ali, no lugar daquela antiga água suja, era um chão verde. Parecia um tapete verde.
Resolvi atravessar o canal pra tirar fotos do gato num melhor ângulo. Afinal, o professor disse que avaliaria essa questão do olhar fotográfico. E olhar fotográfico é comigo mesmo, pensei. Desci. E, no momento em que coloquei meus pés no chão verde, eu me senti afundar. O chão tava afundando. Mas era concreto, não era? Concreto afunda? Afundei. Tô numa areia movediça. Não! Tô na água! Fiquei de cara. Só ouvia todo mundo rindo. Evitei me mexer. Se aquilo era o canal de sempre, aquilo era um nojo. Devia ser esgoto. Eu devia estar no meio da merda. Ai, que nojo! Se eu tivesse menos chocado ao ponto de gritar, eu gritaria socorro. Mas não. Tava perplexo. Olhei para um cara, acompanhado do filho, perto de onde eu tava. Ele falou:
- Não acredito que você entrou nessa água.
- Ué, não era chão?
- Ué, não era chão?
Todos riram mais ainda. Ri também. Ninguém ia rir de mim. Riam rir comigo. O pai falou pro filho tomar cuidado e não fazer que nem eu. Nessa hora, eu não ri não. Aquele desconhecido tava me sacaneando. Me mexi. Felizmente, não havia merda ali. Pelo menos, não no estado sólido. A água era bem... água mesmo! Agora, ali de dentro, eu percebia que o tapete verde não passava de folhas que haviam caído da árvore. Mas tava muito perfeitinho. Parecia chão mesmo. Ninguém pode negar. Saí do canal, encharcado. Meu celular, minha mochila, minha carteira com documentos, minha máquina... tudo havia tomado um banho. Uns pivetinhos passaram.
- Você caiu na água?
- Caí.
- Caí.
Foram embora rindo. E aí a Carol me disse que havia me avisado que tinha água ali. Falei que não avisou nada. Eu tinha até comentado com ela que o canal tinha secado. Ela me deixou pensar assim! Ela me disse que não, que tinha me respondido:
- Não, Léo. Tem água sim.
Dica: Preste atenção no que seus amigos dizem.
E depois disso tudo, eu fiquei assim:
2 comentários:
Genteeeeeeeeeeeeeee lendo isso eu revia a sena(sic) - é meu jeitinho - toda de novo em minha cabeça!!! Dia igual a esse é dificil! Me diverti horrores, muito bom!
Ihhh essa história eu já conheço hahahaha... Só você mesmo né Leozinho! Conta dos 40 anos da Glogo hahahahaha... Beijão de sua eterna amiga e coleguinha jornalista.
Sathya de Beltran
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