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sábado, 8 de agosto de 2009

Meu pai (não) deu um tapa na minha boca

Certa vez, estávamos na casa de uns parentes do meu pai. Eu usava uma camiseta branca bem furreca, lembro-me bem. Tava brincando com as outras crianças quando, de repente, fiz xixi nas calças. Na verdade, nos shorts. Eu usava shorts naquela época. As outras crianças começaram a rir. Eu fiquei sem graça. Como aquilo tinha acontecido? Num momento, eu tava correndo e rindo. No outro, estava todo molhado e chorando. Achei que já tivesse controle sob esse tipo de coisa. Fui falar com meu pai.

Me deu um esporro. Bateu na minha mão. As mulheres da família se intercederam tentando me acalmar. Troquei de roupa. Meu pai me trouxe pra casa - a casa da minha mãe.

Brincando, eu tinha machucado um pouco do meu lábio. Nada demais. Mas agora incomodava. Minha mãe percebeu e perguntou o que tinha acontecido. Disse que nada. Ela insistiu, perguntou se alguém me bateu. Aí eu disse a verdade: meu pai.

Conclusão (precipitada) da minha mãe: meu pai deu um tapa na minha boca.

Ligou pra ele furiosa, dizendo que ele não tinha o direito de me pegar apenas de vez em quando e ainda me bater. Ele disse que foi apenas um tapa na palma da minha mão. Minha mãe disse que foi na boca, que eu não mentia. Climão. Ele disse que era mentira. Ela disse que entre ele e eu, ela acreditava em mim. Eu assistia à ligação culpado. Já era tarde demais pra esclarecer qualquer coisa. Decidi levar o tapa na boca até o fim. Antes sair como mentiroso pro meu pai do que sair como mentiroso pra minha mãe. E assim aconteceu. Meu pai nunca mais me bateu, nem na mão. Eu nunca mais fiz xixi nas calças. E minha mãe segue acreditando que eu não minto nunca.
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Amanhã é dia dos pais e foi difícil lembrar de uma história que envolvesse ele. Não somos muito presentes um na vida do outro. Somos totalmente diferentes também. E não como arroz e feijão, que se completam. Somos mais como água e óleo, eternamente separados.

Lembro das vezes que ele me forçou a ir a praia. Da vez que pedi pra ele me levar no circo e ele me levou no Pão de Açúcar. Da vez que eu queria fazer inglês e ele disse que só se eu fizesse judô. De quando ele não me deu minha mesada pra viajar, e eu já tava com passagens compradas. Dos presentes caros de aniversário que eu nunca gostei, porque não tinham nada a ver comigo. Das matérias nos jornais que me envergonham. Enfim, only good memories.

Minha mãe quer que eu ligue pra ele amanhã pra dar 'feliz dia dos pais'. Não vejo motivo para isso. Ele tem tentado se aproximar, ela diz. E eu me esforçado pra me manter afastado, mãe. Alô-ôu. Meio termo: mandarei um torpedo no fim do dia e, em seguida, desligarei o celular para evitar qualquer possibilidade dele retornar. E tenho dito. Feliz dia dos pais pra quem tem um!

4 comentários:

Yuri Silva disse...

amigo passo pela mesma situação, sou a agua e ele o oleo, rs . e ele tenta se aproximar e eu não quero mais... enfim. ' Feliz dia dos pais pra quem tem um! '

Thatiana disse...

Ihh essa história eu ja conhecia... voce contou! Muito boa!

Roberto Jr disse...

kkkkkkkkkk... Faria o mesmo no seu lugar!

Água e ele o oleo². Feliz dia dos pais pra quem tem um!²

Senovalle Jr
http://incblog.wordpress.com/

Anônimo disse...

caraca '-' pai ausente é a pior coisa q existe! tbm tive um assim e vejo pelos outros comentarios q n fui o único :s enfim. gostei do post (y)

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