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quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Desmiolada é a vovózinha

Minha mãe estudava comigo quando eu era menininho, o que me ajudava muito. Eu gostava de fazer os trabalhinhos de casa com ela. As vezes, ela até passava outros trabalhos pra eu fixar a matéria. Pra mim, minha mãe tudo sabia e conhecia. Mais inteligente que ela não existia. O ruim era quando eu errava alguma coisa. Funcionava mais ou menos assim:

- Meu Deus! Que burro! Nem parece meu filho!

Climão. Minha mãe era adepta do tratamento de choque. Dizia que não admitiria notas baixas e que se eu repetisse de ano alguma vez na vida, me mataria. (talvez por amor a vida, eu nunca tenha chegado nem perto desse desastre)

No entanto, ela não tinha muito do que reclamar. No início da minha vida escolar, era difícil eu tirar uma nota diferente de 10. Eu me cobrava muito (também pudera!).

- Mãe, meu coleguinha tirou 8 e a mãe dele deu um presente pra ele.
- E você tirou quanto?
- Dez.
- Parabéns!
- Você podia me dar presente também né?
- Você não faz mais do que sua obrigação.

Lá na escola, teve uma época que os professores diziam as notas dos alunos em voz alta: "Alicinha, 5. Bruninho, 8. Camilinha, 6." Eu detestava isso. Não existia tensão maior que aquela. Quando o professor dizia o meu nome, a turma toda gritava "deeeeez". Eu repetia baixinho pra mim mesmo "dez! dez! dez!" - pensamento positivo - e dizia em voz alta, fazendo charme: "Para com isso, gente!" Era muita pressão psicológica. E se eu não tirasse dez? Eu sempre tirava, mas e se alguma vez isso não acontecesse? Ia ser horrível. E um dia aconteceu, com uma professora nova, que não me conhecia.

Professora: Leonardo...
Turma interrompe gritando: Deeeeeeez!
Eu falo baixinho: Dez! Dez! Dez!
Eu falo alto: Para com isso, gente!
Professora continua: Dez? Só se for de dez-miolado. 8,5!

- Só se for de desmiolado! hihihi

Hã? Ela tava brincando, né? Minha cara era de taxo. Tenho certeza que fiquei transparente. Que humilhação era aquela? Quanto ela falou que eu tinha tirado mesmo? Não era dez. Sequer era um nove, isso eu tinha certeza. Fracassei. Me desse um zero logo! Meu Deus! E agora? A professora continuava a dar as notas. Agora, a turma seguia em silêncio. Eu decepcionei a todos, não decepcionei? Eu sei que sim. Eu ouvi um 9 agora. De quem foi esse 9? Será que não trocaram as provas? Ainda acho que a professora tá brincando. De péssimo gosto essa brincadeira, por sinal. Ela termina os nomes. Alguém pergunta o que eu errei. Sei lá o que eu errei. Não tô acostumado a conferir prova, gente. Comecei a chorar. Eu era desses. Resolvia no choro.

- Minha mãããããe *funga* vaaaaa-aaaai! *funga, funga* me mataaaaaaaa-aaaaaaar!

E foi assim que minha mãe foi chamada na escola para uma conversa. E, diferente dos outros casos, não era pra reclamar de mim que a escola a chamou. Era pra dar bronca nela. Diziam que ela não podia exigir tanto de mim. Ela disse que ia exigir sim, que não admitia burrice. E até hoje, quando eu tiro uma nota um pouco mais baixa, eu acho que dava pra ter sido melhor.

2 comentários:

Unknown disse...

Sua mãe ia ser BFF do pedro.
hahahahaha.

Thatiana disse...

Medo da Tia Nina!!! Falei.

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