Dissimulado e sonso? Eu tive a minha época. Lembro que quando estava na quinta ou sexta série, havia na minha turma um menino afetado que adorava um barraco. Ele se achava o poderoso e comprava briga com todo mundo. Um estilo Vera Verão, sabe como é? Não preciso dizer que, mesmo ele nunca tendo comprado briga comigo, eu não o suportava.
Cheguei mais cedo na escola um dia e fui, com minha amiga, para a nossa sala de aula. Resolvemos aprontar para o William, era esse o nome da Vera Verão em questão. Nossa idéia era escrever um bilhetinho anônimo para ele e colocar no mural. Ditei o que minha amiga deveria escrever, alertando-a para disfarçar a própria letra. Ditei várias barbaridades. De arrombado-sem-vergonha pra baixo, porque eu era desses amargos.
Quando a turma chegou, leu o bilhete. William começou a fazer auê e perguntar quem tinha escrito aquilo. Ele tava indignado. As pessoas se olhavam tentando descorbrir quem era o autor. Me comportei como os demais - fazendo cara de espanto e desconfiança:

- A que ponto as pessoas chegaram, né? Mandando bilhetinhos ofendendo os outros! Ridículo! Falta do que fazer.
Os anos de teatro tinham, portanto, servido pra alguma coisa. O William começou a abordar as pessoas que ele sabia que não gostavam dele perguntando se eram elas as autoras do bilhete. E chegou a minha vez.
- Leonardo, foi você? Se tiver sido, pode falar.
- Eu? Claro que não! Porque eu faria isso? Não tenho nada contra você!
- Eu? Claro que não! Porque eu faria isso? Não tenho nada contra você!
Eu arrasava muito antes da Yvone pensar em existir, gente. Como faz? Completei dizendo:
- Eu acho que você devia chamar o inspetor e reclamar disso.
E ele chamou mesmo. Climão. O inspetor disse que olharia os cadernos para reconhecer a letra. Minha amiga ficou tensa. Eu não fiquei não. Ela que tinha escrito, não eu. Ia ser difícil eu me ferrar.
- Leonardo, e se descobrirem que foi a gente que escreveu?
A gente? Ela tava fazendo a maluca. Quem escreveu foi ela. Eu hein.
- É, se reconhecerem a SUA letra, vai ser uó. Você disfarçou direitinho?
- Disfarcei, mas sei lá, né.
- Já muda a sua letra no caderno também. Faz diferente.
- Tô com medo. Falaram que vão transferir as pessoas que fizeram isso pra outra unidade da escola.
- As pessoas não, né. A pessoa.
- É, mas fomos nós dois.
- Disfarcei, mas sei lá, né.
- Já muda a sua letra no caderno também. Faz diferente.
- Tô com medo. Falaram que vão transferir as pessoas que fizeram isso pra outra unidade da escola.
- As pessoas não, né. A pessoa.
- É, mas fomos nós dois.
Nessa hora, eu entendi a dela. Se ela fosse pega, ia me levar junto. Não se fazem amigos como antigamente. Eu já começava a me preparar para o momento que iam reconhecer a letra dela, ela me acusar, e eu fazer cara de espanto novamente. Chamaria ela de maluca e pediria provas. Não haveria nenhuma. Se a situação chegasse ao extremo, eu escreveria um bilhetinho pra mim mesmo me ofendendo e colocaria no mural. Aí seria mais uma vítima, livre de suspeitas.
Felizmente, o inspetor não pegou caderno de ninguém e tudo acabou em pizza. Fiz a Yvone e reinei.
5 comentários:
adorei seu blog vou segui-lo pq e muito interessante o jeito com que se expressa...passa no meu depois!!!
Abços
RoÔ
foi na sexta série, e eu lembro desse dia como se fosse ontem x)
hahahahahhaa foi a patrícia que escreveu???????
UHAAAUHUAHAUHAUHAUHAUHA
Não hahaha Foi a Ana Claudia.
Ahhh...
Q fofo fico feliz que vc gostou...
Espero que me siga tbm...
Adorei o seu blog como ja havia dito...e a sua pessoa tbm!!!
Bjo
RoÔ
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